quinta-feira, 8 de setembro de 2016

castelo de Himeji


Himeji-jo: o castelo da garça branca

Desfrutando desde 1993 o status de Patrimônio Cultural e Histórico da Humanidade pela Unesco, o Castelo de Himeji é uma jóia da arquitetura japonesa, cheia de particularidades e uma história bem interessante.
Localizado onde atualmente é a cidade de Himeji, na província de Hyogo, 50 Km a oeste de Osaka e 650 Km distante de Tokyo, o Castelo de Himeji começou a ser construído como um forte em 1333 por Norimura Akamatsu, antigo governador da região, então chamada de Harima. Em 1346, uma pequena construção em forma de castelo foi erguida por Sadanori Akamatsu. Esse “embrião” do castelo, todo de madeira, era bem diferente do atual castelo, mas durou 230 anos.


click aqui - visão do interior do castelo


Guerra Civil

Em 1580, o Japão estava passando por uma guerra civil, e dois grandes “daimyõ” (senhores feudais) disputavam a supremacia e o controle do Japão, dividindo o país entre aqueles que apoiavam Nobunaga Oda ou Ieyasu Tokugawa.
Hideyoshi Toyotomi, um dos líderes militares do clã de Nobunaga Oda, apossou-se do castelo e promoveu a primeira de uma série de grandes reformas, visando a construção de um “moderno” castelo de 3 andares. A morte de Oda em 1582 e o falecimento de Toyotomi em 1598 deixou caminho aberto para as ambições de Tokugawa, que após vencer a batalha de Sekigahara em 1600, tomou o poder no Japão. Assim, em 1601, Tokugawa deu como prêmio a erumasa Ikeda, um de seus generais e genro, as províncias de Harima, Bizen e Awaji, que com isso se tornou o novo senhor do Castelo de Himeji.
Como durante a guerra civil o Castelo de Himeji havia sido danificado, e sendo sua localização importante para a defesa do governo do xogunato Tokugawa, Ikeda dedicou-se a reconstruir o castelo, que ganhou assim a forma que mantém até hoje.
Na reconstrução, Ikeda implantou no Castelo de Himeji detalhes que modernizaram e melhoraram as características arquitetônicas e defensivas, que tornaram o complexo do castelo um modelo exemplar de construção japonesa do período. Na parte mais central e alta de uma colina, uma enorme base na forma de trapézio composta por paredes de pedras com inclinações variando de 30 a 40 graus foi construída para servir de base das fundações de um castelo de 7 andares, chamado de “daitenshukaku”. Essa base, além de dificultar a escalada de invasores, permitia um direcionamento correto da água da chuva evitando a erosão do terreno e protegia a estrutura mais alta dos efeitos de um eventual terremoto, uma vez que as fundações de madeira colocadas na base são maleáveis.

A Garça Branca

O apelido de “Garça Branca” vem não apenas dos elementos decorativos do castelo, com beirais graciosos e curvos, mas principalmente de suas paredes cobertas com alvenaria branca. Assim como os demais castelos de sua época, Himeji era feito de madeira, mas o acabamento em alvenaria, além de lhe dar o aspecto branco, aumentou a espessura das paredes e modernizou o castelo ao torná-lo resistente a ataques com armas de fogo
Como o uso de armas de fogo em batalhas começou em 1549, construções anteriores precisavam ser readaptadas. Calcula-se que haviam 5 mil pequenos castelos no Japão no século XIV, mas todos eles se valiam apenas das cercas e do fosso como meio de defesa, o que se tornou vulnerável com o surgimento das armas de fogo.
Ao redor do castelo em si, uma rede de caminhos cheios de degraus, murados e tortuosos e com vários portões e torres, formam um longo labirinto onde até hoje visitantes se perdem. Por fim, toda a área é rodeada por um muro e um fosso externo, havendo uma só passagem para entrar ou sair do complexo.
A enorme distância a ser percorrida da entrada do complexo, as paredes grossas e pequenas janelas no castelo, nos portões e nas torres revela a preocupação com as “modernas” armas de fogo da época. Até metade do séc. XVI, os japoneses usavam um tipo de espingarda primitiva, cujo diâmetro do cano lembra as atuais bazucas e cujo acionamento dependia do acendimento de um pavio, tal qual nos antigos canhões. Enfim, era uma arma pesada, incômoda, demorada e de pouco alcance. Isso mudaria com o tempo, com a introdução da trava de mosquete (a “vovó” do atual sistema de detonação de rifles, com gatilho e cão), o que deixou as armas de fogo japonesas mais eficientes e com maior alcance. Aberturas um pouco maiores, quadradas, no topo das paredes de pedras inclinadas e na base do prédio principal, eram usadas para atirar pedras em quem tentasse escalar pelo lado externo. Além disso, várias passagens secretas foram construídas por todo o complexo, que em caso de ataque permitia que o senhor feudal, sua família, serviçais e soldados pudessem viver com comida e armas estocadas por um longo período.


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