Nesta cidade nasceu no século VII, era uma povoação de pescadores, que na sua maioria tinha chegado a esta costa fugindo dos eslavos que saqueavam aldeias no Balcãs. Construíram muralhas para se proteger, mas no século VIII os árabes atacaram pelo mar.
No século IX, uma vez recuperada a cidade dos árabes, a conhecida com Ragusa converteu-se no porto e na cidade mais importante de toda a costa da Dalmácia, formando-se num país autônomo chamado Republica de Ragusa, que se regia sob o comando do Império Bizantino. A sua extensão era de uns 1000 Km2, mas o seu potencial naval fazia-a uma das potencias marítimas do Adriático e do Mediterrâneo Oriental.
A sua frota era mais comercial que bélica, e os normandos invadiram Ragusa no século XI. Um século mais tarde, a cidade tinha crescido e construíram-se novas muralhas para proteger a cidade. A democracia era o regime politico em vigor, e o transito do navios entre a Republica de Veneza e a Republica de Ragusa era frequente, uma situação que levou à invasão do Porto pelos venezianos no século XIII, uma vez que este viam no seu porto um potencial incrível. No século XIV a cidade recebe pela primeira vez o seu nome atual, Dubrovnik, que hoje é o mesmo, imenso bosque de carvalhos, pelos seus impressionantes bosques desta árvore.
No século XIV a cidade de Dubrovnik chega a um acordo de proteção com o Império Otomano, um tratado curioso que referendava uma boa relação entre um império muçulmano e um país cristão. Serve como prova disso que quando o Império Otomano se estendeu pelos Balcãs, a cidade foi o único local que não foi assediado e foi respeitado na sua condição de cristão. Isto possibilitou um importante comercio no seu porto, seguro, com a ajuda por trás de todo um império otomano. Dubrovnik tinha o monopólio do comercio marítimo no Mediterrâneo Oriental, e nesta época ficou conhecida com a Atenas Eslava.
Era uma época de esplendor para a Pérola do Adriático, uma época de riqueza que era sustentada pelo seu Porto Comercial, um dos mais importantes do Mediterrâneo, construíam-se barcos, e na cidade de não mais que 1000Km2 e com não mais de 100,000 habitantes havia uma frota de mais de 200 navios. Mas toda a época de esplendor e expansão leva uma reviravolta, desta vez não foram os árabes, nem os normandos, desta vez foi um terramoto me 1667 o que destruiu boa parte da cidade.
Uma vez recuperada desse duro golpe, a vida continuava em Ragua, mas nada voltou ao que era dantes. Desta vez, no século XIX, foi Napoleão o que voltou a pregar um duro golpe, o de acabar com a Republica de Ragusa. Em 1815 o tratado de Viena põe fim a Napoleão e aos seus domínios, mas a cidade, longe de recuperar a sua liberdade fica presa ao império austro- húngaro. Continuava a queda desta prospera cidade.
A facada foi dada pelas duas guerras mundiais do século XX, uns conflitos que deixaram a cidade no centro do problema, uma pobreza que começou a ver o seu termino quando se deram conta do seu potencial turístico, foi então o local onde começaram a ir turistas de todo o continente, uma situação que fez crescer a cidade até à guerra de 1991.
Nesta guerra, a cidade aliou-se ao croatas, pela Republica da Croácia o que propiciou a declaração de guerra dos sérvios e montenegrinos, que lançaram um ataque sobre a cidade e que levou a mesma à destruição de uma cidade desarmada, sem defesas, uma vez que não se tratava de uma cidade bélica. Mais de 30,000 pessoas tiveram que deixar as suas casas, outras tantas fugiram do país, não menos sofreram abusos, violações, humilhações de todo o tipo, destruição, pilhagem... foram anos negros nos que a cidade caiu em profunda depressão.
A cidade antiga, rodeada de muralhas, é bastante pequena, mas o conjunto da cidade estende-se até bastante longe, ocupando as encostas das montanhas até à beira-mar, espraiando-se pelas penínsulas a norte até Lapad e aos subúrbios de Gruž, o bairro do porto novo, a cerca de 3 km do centro histórico. A sul, as encostas caem de tal modo a pique sobre o mar que é impossível a expansão urbanística nessa direção. Os grandes hotéis encontram-se na península de Lapad, Babin Kuk e nas imediações do bairro de Guz.
Clima
Dubrovnik tem um clima de transição entre o úmido subtropical (Cfa, segundo Köppen) e o mediterrânico (Csa, segundo Köppen), visto que há um decréscimo nas precipitações durante o verão, mas não tão forte quanto em outros locais de clima mediterrânico típico. No entanto, distingue-se do clima de outras regiões mediterrânicas pelos ventos raros e trovoadas. O vento Bura fustiga a costa sul do Adriático com rajadas desagradavelmente frias entre outubro e abril, e as trovoadas são frequentes ao longo de todo o ano, até no verão, quando interrompem os dias quentes e ensolarados. As temperaturas do ar podem variar um pouco conforme a área.Tipicamente, em julho e agosto as temperaturas máximas são de 29 °C, caindo à noite para 21 °C. Na primavera e no outono as temperaturas máximas andam tipicamente entre os 20 e os 28 °C.
Língua
A língua oficial da antiga República até 1472 (ou 1492 segundo outras fontes) foi o latim. Nessa data, o senado da república decretou que a língua oficial passasse a ser o ragusano (ou o italiano segundo outras fontes) e proibiu o uso de línguas eslavas nos debates do senado.
Panorama da costa.
Embora na generalidade todos os habitantes falassem o ragusano e o que atualmente se chama italiano, a língua nativa da maior parte dos habitantes era, segundo alguns, o croata ou alguma das suas aparentadas, segundo outros, o dálmata, uma língua extinta derivada do veneziano e do toscano (a base principal do italiano atual). Supostamente, até ao século XI praticamente toda a população era nativa do dálmata, mas a partir desse século o croata foi lentamente ganhando predominância, principalmente entre as classes mais baixas. No entanto, as línguas cultas principais da cidade até ao século XX foi o italiano, tanto o literário, como a variante veneziana.
Outra língua usada era o ilírio, numa forma fortemente impregnado pelo stokavo-ikavo, matizado pela pelo cakavo falado na costa da Dalmácia. O italiano estava implantado principalmente entre as classes mais altas de mercadores, por via da influência de Veneza.
A eslavização só ganhou força em 1918, aquando da integração de Dubrovnik no "Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos " (a partir de 1929 chamado Reino da Jugoslávia). A tentativa de supressão do italiano foi iniciada pelos austríacos no século XIX, que para contrabalançar o efeito das guerras da independência de Itália, apoiaram as pretensões ao domínio eslavo da costa da Dalmácia por parte dos croatas de Zagreb fiéis à coroa austríaca. Assim, a partir de 1918 o italiano foi banido das escolas. Mais tarde, entre 1943 e 1949, os massacres dosfoibes provocaram o exodo de grande parte da população latina da Croácia, muito mais no norte (Ístria) do que no sul (Dalmácia). Embora atualmente uma parte da população seja de origem latina, já está quase completamente croatizada. Os descentes dos antigos ragusanos encontram-se principalmente na área de Konavle (dos canais), a sul da cidade e os descentedentes da aristocracia nas margens da baía de Gruž, alguns deles regressados depois de décadas no exíliono estrangeiro.
Monumentos
Poucos edifícios renascentistas e medievais sobreviveram ao terramoto de 1667, mas os que restam são suficientes para dar uma ideia do rico patrimônio arquitetônico.
Arquitetura civil
Rua e palácio de Sponza.
Palácio dos Reitores — Antiga residência oficial do reitor, a autoridade máxima da república, é uma construção de meados do século XV, em estilo gótico e renascentista com algumas adições barrocas, que atualmente aloja o departamento de História do Museu de Dubrovnik. Era o centro do governo da república — o reitor era eleito pelo Grande Conselho e o seu mandato durava um mês, durante o qual não estava autorizado a deixar o palácio senão para tarefas do governo, nem tampouco podia receber amigos ou familiares.
Palácio Sponza — O melhor exemplo da arquitetura renascentista da cidade, este palácio é um dos mais belos e mais bem preservados da cidade. Construído entre 1516 e 1522 em estilo gótico e renascentista, pensa-se que será muito representativo da maioria dos palácios públicos e privados de Dubrovnik existentes antes do terramoto de 1667. Localiza-se num dos extremos daPlaca, a artéria principal da cidade antiga. O seu nome deriva de spongia (em latim: alluvium) (local onde eram recolhidas as águas da chuva), que seria o uso anterior do local onde o palácio foi construído. No tempo da república nele funcionavam a alfândega, os armazéns desta e outros serviços públicos, pelo que também era conhecido como Divona (de dogana, alfândega). Nele funcionou um banco, casa da moeda, sede das finanças públicas e arsenal de armamento. Atualmente aloja a instituição cultural mais importante da cidade, os arquivos nacionais.
Stradun ou Placa — É a principal artéria da cidade antiga. Tem cerca de 300 metros e une as portas de Pile e Ploce, seguindo a linha do canal que outrora divida a cidade em duas partes. Foi construída no século XII e pavimentada em 1468. A calçada de calcário, polida por séculos de uso, brilha como vidro quando chove. As suas casas são do século XVII, todas do mesmo estilo e altura. A maior parte das lojas ainda conservam o caraterístico "na koljeno", uma porta combinada com janela com um arco em cima, que serve simultaneamente de porta e balcão — a porta é mantida fechada e as mercadorias são passadas através da janela que faz parte da porta.
Farmácia medieval (Stara Ljekarna) — Anexa ao convento franciscano e acessível através de um dos claustros deste, foi fundada em 1317, o que faz dela uma das mais antigas do mundo (a mais antiga da Europa segundo alguns , a terceira mais antiga, segundo outros). Ainda se encontra em funcionamento.
Fonte grande de Onofrio — Obra da primeira metade do século XV do arquiteto Onofrio di Giordano della Cava, de Nápoles, faz parte do sistema de abastecimento de água projetado por aquele arquiteto. Tem 16 lados e a sua água provém de uma nascente situada a 20 :km. Situa-se junto à porta de Pile.
Fonte pequena de Onofrio — Obra da primeira metade do século XV de Petar Martinov, é contemporânea da fonte grande com o mesmo nome. Tem um bacia com oito lados, painéis esculpidos e é em estilo barroco-gótico, apresentando semelhanças com as fontes de Viterbo.
Coluna ou Pilar de Orlando — Situada em frente à igreja de São Brás, data de 1418. O monumento simbolizava o comércio livre da cidade e era considerado um símbolo de liberdade. Os decretos do governo eram proclamados junto à estátua e o local também era palco de punições públicas. O braço de Orlando serviu durante muito tempo como padrão de medida (o cúbito ragusano ou lakat), o qual é mostrado com mais precisão numa linha desenhada na base do monumento..
Estátua de Dživo Gundulic — Monumento em honra do maior poeta de Dubrovnik, também conhecido pelo seu nome latino Gianfrancesco Gondola, é uma obra de 1893 do escultor de Split Ivan Rendic. Encontra-se na praça (poljana) Gunduliceva.
Arquitetura religiosa
Igreja de São Brás (Crkva Sveti Vlaha) — A igreja mais venerada da cidade, não fosse São Brás (em croata: Sveti Vlaho) o padroeiro de Dubrovnik, foi erigida no século XVIII em estilo barroco, para substituir a mais antiga, românica, do século XIV que ardeu. É uma obra do arquiteto veneziano M. Gropeli, tendo como modelo a igreja de São Maurício. Alguns dos impressionantes tesouros da igreja antiga, como as relíquias de São Brás, foram preservados.
Catedral da Assunção da Virgem (Velika Gospa) — Exemplar imponente do Barroco, foi construída após o terramoto de 1667, para substituir a anterior catedral do século XII, que por sua vez tinha sido construída sobre uma basílica bizantina do século VI ou VII. Segundo a lenda, a reconstrução do século XII teria sido financiada pelo rei inglês Ricardo Coração de Leão em reconhecimento pela ajuda que recebeu quando naufragou perto da cidade em 1192. No altar-mor tem uma pintura da Assunção de Ticiano e vários relicários de Saõ Brás.
Mosteiro Franciscano (Franjevacki Samostan) — Obra do século XIV, foi severamente danificado pelo terramoto de 1667, embora o claustro e outros elementos ainda sejam românicos com elementos góticos. Tem uma bibioteca com cerca de 30 000 volumes, entre eles 22 incunábulos (primeiros livros impressos) e 1500 valiosos manuscritos. Das peças do museu que nele funciona destacam-se uma cruz dourada e um turíbulo (pequeno incensário) do século XV, um crucifixo de Jerusalém do século XVIII, um martirologio, obra de 1541 de Bernardin Gucetic, e saltério (conjunto de livros de salmos) iluminados. A igreja do mosteiro é das mais ricas da cidade. Da igreja original só resta o magnífico pórtico, obra do final do século XV, de estilo gótico, mas com marcas do espírito renascentista. A igreja foi praticamente destruída pelo terramoto de 1667, tendo sido reconstruida em estilo barroco.
Igreja do Santo Salvador (Sveti Spas) — Obra renascentista, encontra-se junto ao mosteiro franciscano.
Mosteiro Dominicano (Dominikanski Samostan) — Obra dos séculos XIV e XV, assemelha-se a uma fortaleza, mas o interior contém uma igreja românico-gótica e um museu de arte com peças de Dubrovnik, Veneza e outros lugares. Um dos tesouros do mosteiro é a biblioteca, com mais 16 000 volumes, 240 incunábulos, numerosos manuscritos iluminados e outros importantes documentos, e uma extensa coleção de arte.
Igreja de São Spas — Junto à porta de Pile, é a primeira igreja da Stradun. É uma construção do século XVI, tipicamente da Renascença Dálmata. No seu interior está uma pintura de 1528 da Ascensão, da autoria de Pietro Antonio da Urbino.
Sinagoga — Construída no século XV, diz-se ser a mais antiga dos Balcãs e a terceira mais antiga da Europa. Foi usada até à Segunda Guerra Mundial.
Arquitetura militar
Muralhas — Um dos ex libris de Dubrovnik, estendem-se ao longo de 2 km à volta da cidade e diz-se serem das mais bem preservadas da Europa.A altura chega aos 25 metros nas partes mais altas e a espessura varia entre quatro e seis metros nas partes viradas para terra, sendo sensivelmente mais finas nas partes viradas para o mar. O sistema de torreões e torres destinava-se a proteger a cidade.Foram construídas entre o século VIII e XVI e tem duas secções, uma interior e outra exterior. Existem cinco bastiões, três torres circulares, doze torres retangulares e uma grande fortaleza. A secção exterior tem um muro mais baixo e dez bastiões semicirculares. Um fosso corria ao longo da secção exterior. A defesa da cidade era complementada por duas fortalezas separadas, a de Revelin, a leste, e a de Lovrijenac, a sudoeste.
Fortaleza Minčeta — É a torre mais imponente da cidade antiga, situada na parte norte das muralhas. O seu aspeto atual data de 1464, quando substitui um edifício quadrado mais pequeno. Do seu cimo podem-se apreciar das melhores vistas da cidade. Alguns eventos do festival de Verão teem lugar no terraço.
Fortaleza Bokar — Situada na parte sudoeste das muralhas, foi construída no século XV para proteger a porta de Pile. Tem uma torre redonda. Diz-se ser a mais antiga fortaleza do seu estilo da Europa.
Fortaleza de Santo Ivan — Situada na parte sul das muralhas, servia para defender o porto. Foi erigida em quatro fases, entre 1346 e 1557. Durante a noite o porto era fechado com uma corrente que se estendia entre a fortaleza e e o quebra-mar de Kaše, construído no século XV. Atualmente alberga três museus. No rés-do-chão encontra-se o Aquário, com várias espécies de peixes do Adriático. No piso superior encontram-se o Museu Etnográfico e o Museu Marítimo. Este último consta de quatro secções, uma dedicada à República de Ragusa, outra à era do vapor, outra à Segunda Guerra Mundial e outra às técnicas de navegação.
Fortaleza Revelin — Construída em forma de trapézio irregular entre 1500 e 1538 para proteger o porto, a porta de Ploce e a ponte da cidade. O seu vasto terraço é usado para espetáculos no verão.
Fortaleza Lovrijenac — Situada no exterior da parte ocidental das muralhas, sobre um rochedo com 32 metros de altura, protege as entradas ocidentais da cidade, tanto por mar como por terra. Segundo os documentos da época, foi construída em apenas três meses. A inscrição em latim que está acima da entrada principal é particularmente famosa e é um dos lemas da cidade: "Non bene pro toto libertas venditur auro" (A liberdade não se vende nem por todo o ouro do mundo). O seu interior é considerado um dos palcos mais dignos da Europa, e é famoso pelas representações de Hamlet, de Shakespeare, que lá teem lugar.
Torre da fortaleza Minčeta.
Porta de Pile — Entrada ocidental, é um dos extremos da Stradun. Tem uma ponte dois arcos góticos, construída no século XV. Esta ponte desembocava numa ponte levadiça de madeira que era içada todas as noites. No cimo está uma estátua de São Brás, o padroeiro da cidade.
Porta de Ploce — Entrada oriental, é um dos extremos da Stradun. O exterior data do século XVII, enquanto que que a ponte levadiça de madeira enquanto e a ponte de pedra com dois vãos similares ao da porta de Pile são do século XV. No cimo está uma estátua de São Brás, o padroeiro da cidade.
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